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quinta-feira, 14 de julho de 2011
Blog do Ed Wilson

O Maranhão é desses lugares exóticos, onde tudo é possível, mas um dia será melhor. Com as estradas em frangalhos, a Companhia de Saneamento Ambiental (Caema) destruída, as escolas abandonadas e a corrupção sangrando, dois deputados federais protagonizaram um duelo verbal patético na Câmara dos Deputados.

O petista Domingos Dutra desancava no plenário a oligarquia Sarney. Chiquinho Escórcio, espécie de coringa do presidente do Senado, saiu em defesa do chefe. Dutra disse que não falava com jagunço, referindo-se a Escórcio, e sim com o dono da fazenda – Sarney. O coringa rebateu: “Jagunço é a tua mãe”, torpedeando o petista.

As palavras utilizadas por Dutra manifestam uma simbologia marcante no Maranhão – o coronelismo. Fazendeiro e jagunço encaixam-se no modus operandi do sistema oligárquico maranhense. E capatazes servem a esse tipo de coisa – fazer o que não cabe ao chefe executar diretamente.

Dutra tem muitos motivos para desferir insultos à família Sarney. Enfrentando um monstro de muitos tentáculos, só lhe sobrou a língua como arma. Seus ditirambos fazem parte de um estilo que já entrou para o anedotário político das maranhensidades.

Domingos Dutra representa um papel importante na oposição do Maranhão e no que sobrou do PT. Mas, em meio a essa verborragia federal, cabe uma reflexão sobre o papel da bancada maranhense em Brasília.

Salvo um ou dois parlamentares atuantes, há poucos gestos da bancada voltados para resolver os graves problemas do Maranhão. Nem a morte do deputado federal Luciano Moreira nas estradas assassinas do nosso estado sensibilizou o conjunto dos deputados e senadores em prol da duplicação da BR 135.

O Maranhão já teve presidente da República e incontáveis mandatos do mesmo grupo político, agora novamente capitaneado pela presidência do Senado e pelo quarto mandato da governadora Roseana Sarney (PMDB). Quanto mais poder tem o grupo Sarney, mais degradantes são os indicadores econômicos do Maranhão.

Grande parte desse poder na República vem do domínio sobre a bancada na Câmara e no Senado, formada, entre outras, pela deputada federal Nice Lobão (DEM), cujos projetos repousam em algum escaninho da praça dos Três Poderes.

Nesse ambiente de atraso econômico, inoperância legislativa e perversidades administrativas, brota a pequena política disputada a foice e facão no meio do terreiro.

A verborragia do capitão-do-mato Chiquinho Escórcio é o sentimento amplo, geral e irrestrito de uma elite abastada, gananciosa e prepotente que domina o Maranhão. Chiquinho fez a performance do capataz subserviente do coronel. Escórcio presta esse tipo de favor como o mais fiel dos serviçais.

Ao xingar a genitora de Dutra, ele insultou as mães de todos os Maranhenses. E poderia ir além. Se o bate-boca prosseguisse, Chiquinho seria capaz de expressar o pensamento há muito já materializado em mais de 50 anos de mando. Não surpreenderia se Escórcio esbravejasse assim: “eu quero que o povo do Maranhão vá tomar n...aquele lugar.

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