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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Do Blog do Josias de Souza


Tinha tudo para ser uma briga equilibrada e emocionante. Eram dois pesos pesados, categoria cruzador.

De um lado, o tetrapresidente do Senado, José Sarney. Do outro, um dos mais combativos líderes da oposição, Demóstenes Torres.

Quem sintonizou a TV Senado não esperava que houvesse troca de socos. Mas, por um instante, pareceu que haveria uma sequência de boas frases.

Talvez um insulto mais elaborado, quem sabe uma ironia refinada. Qualquer coisa que permitisse a aferição do resultado da luta –por pontos retóricos ou nocaute verbal.

A pauta de votações trazia no primeiro item a regulamentação da emenda 29, aquela que disciplina os gastos em saúde pública.

A oposição exigia que o projeto da saúde fosse votado antes da emenda da DRU, que dá a Dilma Rousseff poderes para manejar R$ 62 bilhões do Orçamento.

Em acordo da semana passada, ficara combinado que Romero Jucá, líder de Dilma no Senado, traria uma proposta de encaminhamento do governo.

Deu-se coisa diferente. Em maioria, o consórcio governista aprovou um requerimento que inverteu a ordem da pauta –36 votos contra 19.

A saúde foi ao final da fila. Abriu-se caminho para a votação imediata do Código Florestal. De resto, pavimentou-se o caminho para a votação da DRU na quinta (8).

A manobra fez subir o sangue de Demóstenes. Acusou Sarney de afrontar o regimento, já que o processo de votação do projeto da saúde começara na semana passada.

Sarney contraditou. Alegou que um acordo interrompera a análise da proposta. Insinuou que Demóstenes aquiescera. Abespinhado, o líder do DEM subiu o tom:

– Não use de minha concordância para determinado procedimento, para Vossa Excelência e o governo, de maneira torpe, burlar o que nós fizemos. Torpe, [...] não fiz esse esse acordo. [...] Não tente me colocar no meio disso.

O vocábulo “torpe”, ensinam os dicionários, tem várias acepções. Entre elas: infame, desonesto, impudico, indecoroso, vergonhoso, sórdico, nojento, sujo.

– Eu mando cancelar a palavra torpe da taquigrafia, reagiu Sarney.

– Não precisa, pode constar, devolveu Demóstenes.

– Está cancelada, porque ao presidente compete policiar os trabalhos do Senado, treplicou Sarney.

Tudo fazia crer que o embate teria consequências. Pela vez primeira, alguém se animava a “peitar” Sarney.

Imagens da semana passada davam razão a Demóstenes. Para desassossego dos líderes governistas, Sarney, de fato, iniciara a votação do projeto da saúde.

O “descuido” do pseudoaliado desnorteara o consórcio governista e rendera um primeiro rififi, protagonizado pelo mesmo Demóstenes. Repare no vídeo abaixo.

O dinheiro investido no espetáculo não é pouco. O telespectador paga o ringue, a iluminação, o som, o cafezinho, casa, comida, transportes e assessores.

Com tudo isso, o financiador da bilheteria teve de se contentar com um empate. Bem verdade que houve um ensaio de pugilato.

Sarney desceu da mesa de onde dirigia a sessão. Marchou na direção de Demóstenes. Dedo em riste, interpelou o contendor:

– Você me deve desculpas! Você me respeite!, esbravejou, abandonando o tratamento de “Excelência”.

Coube a Fernando Collor deter o avanço de Sarney. Logo elle, que na sucessão de Sarney o chamara de “ladrão”.

Demóstenes ouviu o répto calado. Sarney retirou-se do plenário. “Espero você lá fora”, declarou, injetando na cena um quê de briga de colégio.

Momentos depois, o líder do DEM foi ao microfone para pedir “desculpas” a Sarney. Concordou com a exclusão do “torpe” das notas taquigráficas.

Mais tarde, no curso da votação do Código Florestal, Sarney retornou à presidência da sessão. Interagiu normalmente com Demóstenes, como se nada houvesse sucedido.

Empate técnico, eis o resultado. A plateia está autorizada a pedir o dinheiro de volta.

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