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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Presidência do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Foto: Jane de Araújo / Agência Senado

Para o presidente do Senado, essa foi uma crise artificial, que produziu uma consequência assustadora.

Teresa Cardoso
Agência Senado


O presidente do Senado, José Sarney, afirmou que o Congresso dos Estados Unidos deu um péssimo exemplo ao mundo com as dificuldades impostas para aumentar o teto da dívida daquele país. Na opinião de Sarney, o aumento do limite da dívida era um episódio rotineiro perfeitamente possível de ser aprovado, não fosse “a volta de um fóssil chamado Tea Party”.
Em entrevista concedida, na manhã desta segunda-feira (8), quando chegou ao Senado, Sarney foi indagado sobre a maturidade demonstrada pelo Legislativo brasileiro no enfrentamento de crises como essa. Ele respondeu referindo-se ao Tea Party – o movimento lançado por conservadores que lutam contra as reformas conduzidas por Barack Obama, por considerá-las socialistas demais.
- Eu acho que o nosso exemplo é que, em todos os momentos de dificuldade do país, nós temos encontrado um terreno comum no qual nós protegemos os interesses do país e abandonamos essa luta dilacerante de partidos. Assim foi na Independência, assim foi na República, assim foi em 1930 e assim foi em 1985 – afirmou.
Indagado ainda pelos jornalistas se esse seria o risco do bipartidarismo, Sarney afirmou:
- Esse é o risco da radicalização que, nos Estados Unidos, aconteceu com a volta de um fóssil chamado Tea Party.
Sarney observou que o aumento do teto da dívida, fixado anualmente e de forma automática na votação do orçamento americano, é apenas uma operação contábil que não justificaria a crise política em que se lançaram democratas e republicanos, assustando todas as nações do mundo.
- Eu acho que os americanos deram um péssimo exemplo porque, na realidade, o estabelecimento do teto da dívida era uma coisa automática na votação do orçamento. Eles fizeram isso 77 vezes durante 50 anos e, no momento, por uma luta política, visivelmente já com os olhos na eleição do ano que vem, eles ofereceram ao mundo esse vergonhoso exemplo em que os partidos políticos sacrificam o país. Acho que é um exemplo nada construtivo e eles estão pagando caro por isso – afirmou.
Para o presidente do Senado, essa foi uma crise artificial, que realmente produziu uma consequência assustadora. Em sua opinião, essa consequência deveria ter sido mais bem avaliada, porque, em razão dela, hoje a Europa está enfrentando sérias apreensões, principalmente com os riscos de liquidez enfrentados por Grécia, Irlanda, Itália e Espanha.

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